o
O Movimento Feminista da Paraíba, o Núcleo de Cidadania em Direitos
Humanos, o Departamento de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba,
a Comissão de Combate à Violência Impunidade contra a Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil -PB, parlamentares, artistas, jornalistas e demais entidades paraibanas lançaram uma
nota de repúdio à TV Arapuan e ao apresentador Siqueira Junior, contratado pela
emissora para apresentar o programa policialesco, Cidade em Ação.
Na nota, as entidades afirmam que o programa viola vários direitos humanos
das mulheres e das minorias, em especial, negros e negras, população LGBT e
adolescentes em conflito com a lei. "Desta forma, a TV Arapuan tem
prestado um desserviço à Paraíba ao dar destaque e voz ao apresentador do
programa policialesco Cidade em Ação, que afirma e reafirma frases de efeito
com conteúdo que expressam preconceito contra a mulher em vários segmentos (de
classe, de etnia, de gênero), com forte conteúdo machista e misógino. O referido
apresentador usa seu espaço na TV para ditar regras de comportamento para
mulheres, desferindo termos que humilham todas as mulheres.", diz um
trecho da nota.
Os movimentos afirmam ainda que a TV
Arapuan é uma concessão pública, e portanto, pode ter sua revogação pedida a
qualquer momento, pois não vem cumprindo com a sua responsabilidade social e
ética no fazer jornalístico.
Confira o documento
na íntegra:
Nota de
repúdio à TV Arapuan e ao apresentador Siqueira Júnior
O
movimento de mulheres da Paraíba e as entidades que assinam este documento, vem
a público repudiar as violações aos direitos humanos das mulheres cometidas
diariamente pelo programa policialesco Cidade em Ação, da TV Arapuan,
apresentado pelo senhor Siqueira Júnior.
A TV
Arapuan é uma concessão pública de TV para prestação de serviços relacionados à
comunicação na Paraíba e, a despeito de vários bons profissionais que ali
trabalham, vem promovendo barbárie, ódio e incitação à violência através dos
seus programas policialescos, em especial o Cidade em Ação, apresentado por
Sikera Júnior diariamente.
Assistimos corriqueiramente a uma
comunicação do grotesco nesta emissora, em que mulheres, negras e negros,
pobres, LGBTs, pessoas em conflito com a lei e adolescentes têm seus direitos
humanos violados. Desta forma, a TV Arapuan tem prestado um desserviço à
Paraíba ao dar destaque e voz ao apresentador do programa policialesco Cidade
em Ação, que afirma e reafirma frases de efeito com conteúdo que expressam
preconceito contra a mulher em vários segmentos (de classe, de etnia, de
gênero), com forte conteúdo machista e misógino. O referido apresentador usa
seu espaço na TV para ditar regras de comportamento para mulheres, desferindo
termos que humilham todas as mulheres.
No dia 5 de junho de 2018, o
referido apresentador atacou de maneira violenta a jovem negra Raiane Lins, acusada
de um crime, com uma postura machista, misógina e preconceituosa. Siqueira
Júnior desfere palavras como "nojenta” e “sebosa" em relação à mulher
que estava detida na delegacia da capital. Além disso, o apresentador, assim
como a própria emissora, viola o direito de imagem, previsto na Constituição
Brasileira, e no Código Civil Brasileiro. Lembramos: emissoras de TV são
concessões públicas e que devem cumprir a legislação, bem como prezar pela
ética no jornalismo.
O senhor Siqueira Júnior dizia
durante o programa que “mulher que não pinta as unhas dos pés e não se depila,
é sebosa”, fazendo gestos obscenos em frente as câmeras e ainda pedia um coro
(efeito sonoro de plateia) que os/as telespectadores/as a agredissem com
palavras e referendassem sua posição preconceituosa.
Por se expressar nas redes sociais de
maneira contrária à opinião do apresentador Siqueira Junior, a jornalista e
cantora Kalyne Lima, foi atacada de maneira agressiva e machista no programa. Kalyne
exerceu o seu direito enquanto cidadã, exigindo RESPEITO com as mulheres por
parte do apresentador e da emissora que o contratou. A TV Arapuan, sabendo que
a postura de Siqueira Júnior em emissoras anteriores era essa, portanto,
assumiu a responsabilidade com sua postura e atitude machista e misógina.
As
violações cometidas pelo apresentador e pela emissora não se resumem a esse
caso, mas se repetem diariamente. Outro exemplo aconteceu no dia 25 de abril, quando
o programa exibiu uma reportagem em que o entrevistador chamado “Águia”, abordou
uma senhora em uma delegacia da cidade de Sapé, acusada de ter realizado dois
abortos junto com seu companheiro. A senhora, totalmente constrangida por ter
sua vida devassada e sua imagem exposta para toda a Paraíba, ouviu perguntas
abusivas por parte deste entrevistador e que eram de foro íntimo do casal.
Os meios de comunicação ocupam
posição importante na sociedade, que é a
de formar opinião e cumprem, entre seus principais papéis, o de informar à
população sobre os fatos, noticiá-los com ética e responsabilidade social. Além
disso, devem atuar para o enfrentamento das hierarquias e desigualdades nas
relações de gênero.
A informação configura-se como
elemento basilar para a transformação da naturalização à violência e da visão
estereotipada sobre a conduta das mulheres, uma vez que a mídia pode gerar
novas formas de compreensão e intervenção dos sujeitos sociais. Chamamos a
atenção que esta conduta afeta não só mulheres (jovens e adultas), mas também
crianças, colocando-as em posição de maior vulnerabilidade, pois tais programas
são transmitidos na hora do almoço, momento em que toda a família, mulheres,
crianças, homens e idosos/as, estão reunidos/as na sala.
Por isso, nós, mulheres da Paraíba,
repudiamos a postura de Siqueira Júnior e da TV Arapuan em exibir em sua grade
programas policialescos, que agridem, deturpam, violam os direitos humanos, a
Constituição Federal e o Código Civil Brasileiro, além de difundir a violência
e o ódio em relação às mulheres!
Exigimos
que a TV Arapuan tome todas as providências cabíveis quanto ao ajuste de
conduta editorial da emissora e do apresentador Siqueira Júnior, ou a sua
demissão do veículo de comunicação. Não ficaremos caladas nem de braços
cruzados diante dessa situação. Exigimos respeito às mulheres!
Mexeu com
uma mexeu com todas!
Por uma
mídia sem violação dos Direitos Humanos!
Pelo fim
dos programas policialescos!
Machistas,
racistas, fascistas não passarão!
Movimento
Feminista da Paraíba
Abayomi
Coletiva de Mulheres Negras
Articulação
de Mulheres da Paraíba
Bamidelê
– Organização de Mulheres Negras na Paraíba
Centro da
Mulher 8 de Março
Coletivo
+MULHERES
Cunhã
Coletivo Feminista
Departamento
da Mulher e da Diversidade Humana – Sindicato dos Jornalistas da Paraíba
Departamento
de Jornalismo da UFPB
Diretório
Municipal do PT em João Pessoa
Fórum de
Mulheres da UFPB
Gláucia
Lima – cantora e ativista
Grupo de
Mulheres Casa Lilás
Grupo de
Mulheres Lésbicas e Bissexuais Maria Quitéria
Grupo de
Pesquisa em Gênero e Mídia da UFPB
Intervozes
– Coletivo Brasil de Comunicação Social
Instituto
Elizabeth Teixeira – Coletivo Feminista
Lídia
Moura – jornalista e ativista
Mandato
da deputada Estela Bezerra
Marcha
Mundial de Mulheres na Paraíba
Mandato
da Vereadora Sandra Marrocos
Movimento
de Mulheres Negras
Movimento
de Mulheres Olga Benário
Núcleo de
Cidadania e Direitos Humanos da UFPB
Partido
da Mobilização Nacional - PMN-PB
Programa
de pós-graduação em Direitos Humanos Cidadania e Políticas Públicas da UFPB
Secretaria
Estadual de Mulheres PT/PB
Setorial
de Mulheres/PSOL
Tamo
Juntas – PB
UBM – União Brasileira de
Mulheres
União de Mulheres do Audiovisual Paraibano
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